Bebês high need: as 12 características

O termo bebê high need, ou bebê de alta demanda, foi cunhado pelo médico pediatra William Sears e sua esposa Martha Sears cinco anos após o nascimento de sua filha Hayden, no livro The Baby Book. O casal percebeu que havia algo diferente com Hayden, que não se comportava como os três filhos mais velhos do casal, bebês relativamente “fáceis”. Hayden demandava ser carregada no colo o tempo todo, acordava de hora em hora para mamar e não aceitava ser cuidada por outras pessoas.

Dr Sears relata que a primeira dificuldade do casal na criação de Hayden foi superar o medo que tinham de mimá-la, já que haviam sido criados em uma cultura onde o controle sobre as crianças era o modo de educar (passei tanto por isso, parece que esse estilo não morreu não). Havia um medo enorme de que fossem manipulados também.

Porém, como Hayden não aceitava o antigo estilo de parentalidade, protestando intensamente caso alguma de suas necessidades não fosse atendida, a mudança foi inevitável. Dr. Sears relata que foi somente após o nascimento da filha que ele começou a entender as reclamações de pais com bebês de temperamento forte faziam em seu consultório. Nas palavras do médico (tradução livre):

“Hayden nos abriu como pessoas. O ponto de virada veio quando fechamos os livros de bebês e abrimos nosso coração para nossa filha.”

Dr Sears diz que não sabia ao certo que termo usar para chamar sua filha. Ela não era um bebê agitado (fussy), contanto que fosse segurada o dia todo. Não tinha cólica, já que não parecia estar com dor. “Difícil” também não era um termo adequado pois ficar grudado em um bebê ao longo do dia não era assim tão complicado. Depois de conversas com outros pais o doutor percebeu que o que esses pequenos tinham em comum e que os tornavam diferentes eram as altas demandas que apresentavam, de contato físico, de atenção e de amamentação. E a forma como essas demandas eram feitas, de forma alta, vigorosa e ininterrupta até que fossem atendidas.

O termo “high need”, ou alta demanda em português, ao invés de uma conotação negativa, remetia mais a um bebê especial, inteligente e único, ao invés de problemático. Pais respiravam aliviados ao reconhecerem as características de bebês de alta demanda em seus filhos, saber o que estava acontecendo, se redimirem da culpa que sentiam e começarem a enxergar os pontos positivos dos traços de temperamento de seus filhos.

Experiência própria, eu quando soube que a Lili era uma bebê high need o alívio foi muito grande. Saber que eu não estava fazendo tudo errado, que ela não tinha nenhum problema e que, se bem cuidada, ela poderia desenvolver uma personalidade brilhante no futuro, ajudou muito nos momentos mais estressantes da jornada. Não é só um rótulo, é uma forma de aceitação que me ajudou demais.

As 12 Características

Quais são os traços do temperamento do bebê de alta demanda?

“Esses bebês tendem a ser “batedores de barriga” e “chutadores de bexigas” em tempo integral durante a gravidez, como se quisessem dizer ao mundo, mesmo antes de nascerem, que precisam de mais espaço”

Todos os bebês têm alta demanda em alguma área e em algum momento de suas vidas. Porém, um bebê de alta demanda vai apresentar muitas delas na maior parte do tempo. Esses traços de personalidade são os seguintes:

1. Intensos

“Você pode ver a intensidade dos sentimentos do bebê na sua linguagem corporal”, diz o dr Sears. Punhos cerrados, músculos tensos, sempre preparado para ação.

Além disso esses bebês são exploradores natos, obstinados e persistentes. Nada pode detê-los de obter aquilo que desejam. E são intensos em tudo que fazem. O riso é o riso mais feliz do mundo, o choro, bem, o choro não existe. Só existem gritos que, de tão intensos, podem fazer até vizinhos chamarem a polícia.

2. Hiperativos

No livro esse termo não é usado  de forma médica/psicológica, ou seja, o H do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).

O termo refere-se somente a um traço de personalidade que pode ou não prevalecer no futuro. Hiperativo aqui diz respeito a um bebê sempre ocupado, ativo, interessado, em movimento. Para entender melhor, pode-se fazer uma comparação com seus pares mais “calmos” e tranquilos, bebês que conseguem sentar e se entreter sozinhos por algum tempo, sem necessidade de atenção ou atividades constantes. Os bebês de alta demanda precisam de atividade e atenção constantes.

A mente (e os músculos) desses bebês raramente está relaxada, tranquila, quieta. Pelo contrário, desde cedo querem explorar o mundo, sentar quando ainda não conseguem nem segurar o pescoço, engatinhar quando ainda nem se sentam, e andar quando ainda nem engatinham.

As pernas e braços, desde muito cedo, estão sempre inquietas, balançando. As mãozinhas geralmente procurando por algo para agarrar.

Esses bebês geralmente atingem os marcos de desenvolvimento antes de seus pares, rolando, engatinhando e andando muito cedo.

3. “Sanguessugas” de energia

“Bebês high need arrancam até o último gole de energia de pais cansados. E depois querem mais”.

Todo bebê demanda muita energia dos pais, principalmente nos primeiros meses e isso é natural. Bebês de alta demanda, porém, exigem mais e por mais tempo. Os pais desses bebês geralmente sentem que foram atropelados por um trator incessantemente, todos os dias. Fisicamente, não existe momento para comer, ir ao banheiro, tomar banho, escovar os dentes, fazer as necessidades básicas. Quem dirá dormir. No nível psicológico não é muito diferente. Cansaço extremo, desânimo, sensação de culpa e fracasso, falta de entendimento do que está acontecendo, entendimento de que as coisas não deveriam ser tão, tão difíceis são alguns dos sentimentos que terminam de drenar o resto da energia que, ainda, não foi demandada pelo bebê.

4. Mamam frequentemente

Bebês de alta demanda usam o peito não só como alimento, mas também como fonte de conforto, autorregulação e forma de se acalmarem (uma chupeta ambulante mesmo). Tentar manter um horário regular de mamadas pode ser bastante frustrante, uma vez que esses bebês mamam de forma muito frequente, sem horários e duração estabelecidos.

Mães de bebês de alta demanda sempre reclamam que eles “não largam” o peito. E geralmente esses bebês também desmamam bem mais tarde do que seus pares mais tranquilos, indo até muitos anos além do recomendado por órgãos de saúde.

5. Exigentes

“Bebês de alta demanda não somente pedem para mamar ou serem segurados, eles exigem isso. E de forma bem ruidosa”.

Essa é uma das características desses bebês que mais deixam os pais confusos e se sentindo manipulados. Quando sentem alguma necessidade, os bebês a vocalizam intensamente e há a demanda de que a mesma seja atendida. Mas não somente isso. Ela precisa ser preenchida A-GO-RA! Qualquer atraso, demora, engano em imaginar o que o bebê precisa, pode causar um descontrolado acesso de choro no bebê. E depois para acalmar é necessário muito esforço, tempo e paciência.

Toda necessidade é uma ordem! Não há meio termo, não há forma de titubear ou duvidar. E a melhor maneira de passar por essa fase difícil é seguir o fluxo e atender ao bebê. Com o tempo e confiança de que suas necessidades serão atendidas, esses bebês tendem a ficar mais tolerantes e aprender a fazer suas demandas de forma mais sociável.

6. Insatisfeitos

“Não ser capaz de atender às necessidades do bebê pode ser bastante frustrante para pais de bebês de alta demanda”.

E isso pode ser algo muito frequente. Haverá dias que cantar, dançar, balançar, bola de pilates, sling, colo, carro, passeio, nada vai fazer com que o seu bebê se acalme e pare de chorar (na maioria deles? Risos de desespero).

Esses bebês tendem a ser “insatisfazíveis”. Não é sempre, mas em muitos momentos essa vai ser uma realidade que os pais terão que aceitar e tentar lidar. Fones de ouvido antirruído, meditação, ajuda de alguém próximo pode ser a chave para manter a sanidade.

7. Imprevisíveis

Planejou viajar quando o bebê completasse 6 meses? Fazer aquela trilha levando o bebê calmo e dormindo no sling? Visitar a família em outra cidade/estado/país? Talvez não com um bebê de alta demanda. Eles são imprevisíveis e fazer qualquer atividade que demande algum planejamento e previsibilidade tem uma chance grande de fracassar.

A imprevisibilidade desses bebês torna o seu dia, sua semana seu ano também imprevisíveis. Na vida cotidiana você acorda e torce para que o dia seja bom, mas não tem ideia da sequência dos fatos ou do resultado dos seus esforços.

Mudanças de humor são constantes e intensas, uma hora seu bebê pode ser a companhia mais agradável do mundo, na outra ele pode estar tão irritado que fará com que toda a vizinhança saiba.

Bebês high need mudam completamente a rotina e organização da família, fazendo com que muitos dos já estabelecidos comportamentos, regras, costumes sejam repensados.

8. Super sensíveis

Tudo é sentido de forma intensa. Qualquer barulho acorda esse bebê, qualquer ruído faz com que eles parem de mamar, uma luz mais forte os impossibilitam de dormir.

Sabe aquele móbile que você comprou para distrair o bebê e acreditava que ele iria ficar ali por horas, olhando, sorrindo e balbuciando para os animais giratórios? Faz com que o bebê berre por 30 minutos incessantemente devido ao super estímulo que causou.

Duas pessoas visitando ao mesmo tempo? Super estimulante. Cantou, olhou e acariciou o bebê ao mesmo tempo? Motivo para 20 minutos de choro.

Esses bebês estão sempre “ligados” no que está acontecendo ao redor deles, prestam atenção a tudo e sentem tudo. De forma muito intensa. Assim como são intensas as reações aos desconfortos físico e mental, deixando pais malucos sem saber o que foi feito de errado.

Diminuir os estímulos nos primeiros meses de vida, até que o bebê se desenvolva neurologicamente, é a chave para que a sua vida e a do bebê fiquem mais tranquila.

9. Não aceitam ser colocados no chão

Tudo é sentido de forma intensa. Qualquer barulho acorda esse bebê, qualquer ruído faz com que eles parem de mamar, uma luz mais forte os impossibilitam de dormir.

Sabe aquele móbile que você comprou para distrair o bebê e acreditava que ele iria ficar ali por horas, olhando, sorrindo e balbuciando para os animais giratórios? Faz com que o bebê berre por 30 minutos incessantemente devido ao super estímulo que causou.

Duas pessoas visitando ao mesmo tempo? Super estimulante. Cantou, olhou e acariciou o bebê ao mesmo tempo? Motivo para 20 minutos de choro.

Esses bebês estão sempre “ligados” no que está acontecendo ao redor deles, prestam atenção a tudo e sentem tudo. De forma muito intensa. Assim como são intensas as reações aos desconfortos físico e mental, deixando pais malucos sem saber o que foi feito de errado.

Diminuir os estímulos nos primeiros meses de vida, até que o bebê se desenvolva neurologicamente, é a chave para que a sua vida e a do bebê fiquem mais tranquila.

10. Não aceitam contato físico

Sim, o oposto do anterior. Alguns bebês de alta demanda podem ser tão sensíveis que o contato físico se torna inaceitável. Também não gostam de ser feitos de “charutinho” para dormir.

A maioria desses bebês se acostumam com o toque conforme vão crescendo e podem muitas vezes ficar mais “grudentos” do que os bebês high need tradicionais.

11. Não sabem se acalmar sozinhos

A maioria dos bebês  não sabe se acalmar sozinho, mas um bebê high need expressa muito bem essa falta de conhecimento e não aceita chupeta, música, naninha ou nada que substitua seus cuidadores.

Eles demandam contato físico e desprezam seus substitutos mecânicos, como cadeiras de balanço automáticas, cadeirinhas de carro, carrinhos de bebê, etc.

12. Não aceitam outros cuidadores (sensíveis à separação)

Um bebê high need vive em estado constante de ansiedade de separação.

Uma mãe relata no livro do dr Sears: “Babás não aceitavam tomar conta da minha filha por causa da reputação dela de um bebê que só berrava”.

Bebês de alta demanda não aceitam ser cuidados por outras pessoas que não a mãe. Talvez o pai, se possui contato próximo desde cedo, possa ser tolerado como cuidador, mas avô, avó, irmãos, tias, babás então, nem pensar.

Para esses bebês a mãe é parte de seu próprio ser e não uma pessoa separada. Eles tendem a se sentir ansiosos e assustados quando estão longe delas e transmitem isso na forma de choro (berros) até que voltem ao colo tão demandado.

E você? Se identificou com a maioria das características descritas pelo dr Sears? Então, é bem provável que você tenha ganho a raspadinha da sorte e trazido um bebê high need para casa.

É difícil, é duro, quase impossível nos primeiros três meses de vida desse pequeno ser, mas como o dr. Sears fala: vai passar. Use isso como mantra e tente sobreviver a um dia de cada vez.

Um abraço

Leave a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *